sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Histórias curtas e sem Graça Pt. 2

Num fim de tarde cinza, um anoitecer pálido cai em Passo Fundo. Talvez isso signifique algo, mas eu não me importo. Enquanto as pessoas cinzas normais seguiam seu caminho em ondas pela avenida em direção as sua tocas. O limiar do dia pairava sobre os plátanos da praça. A noite chegou gentilmente, quase que como um abraço nos envolveu e confortou, sabendo ela que éramos suas crianças favoritas. Ela veio com seu passo largo e com pressa, mesmo assim ela nos beijou e gracejou sobre o tempo, diz que está atrasada e nos acaricia. Entre seus dedos enrola nossos cabelos e diz para nós nunca nos preocuparmos com eles. Seu perfume fica, no ar denso e pesado, me remete a dias quando as glórias das batalhas ainda eram vivas e celebradas na gare. Sentimos e comentamos sua falta. Cantamos assim enquanto a ultima garrafa de vinho se espatifa a dois passos da lixeira:

Veja,
Minha noite, meu norte,
Minha luz, meu amor
O filho que nasce já espera morrer
E cá estamos nós
Minha senhora, minha noite
Meu norte, meu amor
Esperando seu beijo que liberta
Que afoga as mentira dita por homens sem oeste
Que fogem para o sul e esperam o príncipe
Sem saber que a senhora é rainha

Minha senhora, meu bem
Minha dama, meu segredo
Que fujam diante sua presença, minha noite

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